sábado, 10 de setembro de 2011

Para ti P.


Há sempre alguma coisa para me distrair: tu
Não tenho tempo para estes joguinhos P., tenho que seguir em frente. Acabou tudo o que nunca tinha sido começado e aqui nos encontramos separadamente juntos. Eu sinto a tua falta, admito. Tenho a coragem de o dizer (ao contrário de ti) e sim, estou a sofrer pela tua ausência. Porque tinhas de ir para tão longe? O teu lugar é aqui, a chatear-me. Não me importa o que faças, desde que o faças comigo. Amo a nossa amizade estúpida, que me faz rir e chorar, querer-te abraçar e matar ao mesmo tempo. Esta relação amor-ódio que temos. que  nunca tive com ninguém e queria tanto preservá-la!
Fartei-me de esperar pela bonança, fiquei tão farta que fiz com que te fosses embora e aqui estou desamparada e sem o meu amigo, o meu irmão.  
Só espero que sejas feliz, onde quer que estejas e eu mudei, tal como querias. Fi-lo por ti, quero que fiques orgulhoso de mim em vez da desilusão que sentias antes de partires. 
"Tu mudaste", ainda ouço estas palavras, a arderem dentro do coração. Aquelas últimas palavras que trocámos antes de... Só gostava de puder voltar atrás e dizer-te que sim. Que me apoiaste sempre como eu te apoiei a ti quando precisaste, admitir que sim, eu amuava tal como tu fazias e sim, eu escondia os sentimentos tal como tu fazias. Aprendemos juntos a ser assim, mesmo feitio. 
Culpo-me por não te ter visto a desvanecer mesmo ali à minha frente. Culpo-me por tudo o que passámos juntos ter sido apenas uma (des)ilusão. Culpo-me por tudo o que nos aconteceu. 
E já nem sei se hei-de chorar se rir das minhas palavras, mas sei que escrevo isto com tudo o que sinto cá dentro. E só quero que me ouças, aí de cima que eu ainda estou viva e que não me podes tirar isso!
Para o P. com amor da tua amiga e irmã, O. Mais uma carta que deixo juntamente com as flores que apanhei, volto amanhã para trocá-las por umas novas. Que as mesmas te perfumem a campa.
Ondjé Mutenha, 11 de Junho de 2010

O que não me mata faz-me viver!


O que não me mata faz-me viver. Tal como tu, eu aprendi a seguir em frente e a lutar pelo que realmente interessa. Não é ser fútil, amor diz o que quizeres… Aprendi a viver com todo o mal neste mundo e a passar por cima de toda a merda que abaixo de mim se encontra. Sofrer por coisas sem interesse, para mim não têm significado, quando isso me acontece só quero que tudo acabe.
Mais uma vez tudo acabou. Tudo o que não houve, tudo o que não se disse e não se fez, não se tornou a repetir porque nunca houve experiência do mesmo. É confuso? Muita coisa na vida o é. Eu sou confusa? Escrevo com toda a raiva que comprimi este tempo todo. Não aguento mais! Por mais boa educação que me tenha dado a minha mamã, eu não sou de ferro! E já disse que não me importava com a tua opinião! Nem a minha por vezes conta, porque muitas vezes estou errada. Como aconteceu connosco :x
Justo? Não, nem por isso. São coisas da vida, talvez. Aprendi que nem tudo é perfeito como eu queria, um mundo cor-de-rosa onde pudéssemos ser felizes juntos. Mas neste mundo de cores escuras nada disso foi possível. Se me arrependo de nada se ter passado? Agora vejo que foi o melhor. O nada que era, nada é agora. Não me importa, mais marés e sóis viram para me banhar e iluminar. Não preciso agora de mais complicações. Sou livre para escolher o meu sitio’zinho ao Sol e não és tu que me vai impedir de o obter.
Mais uma vez sofri, talvez também o fiz a alguém, não tenho a certeza disso, mas tudo tem uma razão de ser. A razão, desta vez, foi fazer-me crescer um pouco mais e aprender com os meus erros e ingenuidade. Talvez sofra no futuro, mas pelo mesmo não o irei fazer. Este sentimento encontra-se enterrado e nada o vai de lá tirar. Talvez sofra no futuro tormentas causadas pelo mesmo sentimento, mas não por ti. Isso não se voltará a repetir.
Erramos, mas o maior erro é não saber aprender com o mesmo. Eu não errei assim tanto porque finalmente aprendi a lidar com a fera que é este sentimento. Amor, por algum tempo estás domado por mim. Fica assim meu amor, durante muito tempo, que eu não quero errar mais contigo. Obrigada sentimento por teres existido e teres-me feito aprender, mas não voltes a repetir o sofrimento que me deste. Não o conseguiria suportar.

Ondjé Mutenha, 4 de Dezembro de 09 – 21:30

Bob Marley

Vejo novamente minha mãe a chorar. Porquê Meu Deus? Porque me queres tirar o que de mais precioso tenho no mundo? 
Saiu de casa, vou lá para fora apanhar ar. Enfio os meus headphones nos ouvidos para tentar abafar o choro da minha mãe que ressoava na minha cabeça. Ela deve-se ter magoado, nada mais.. Tento confortar-me, abraço-me para aliviar a dor de nunca ter recebido um abraço carinhoso de ninguém. Por muito que minha mãe me amasse não o demonstrava, tal como eu não sou capaz de fazer. 
Somos os reflexos de nossos criadores certo? Então eu, sou nada. Nada me ensinaram a ser, nada recebi e nada dou ao mundo. Não vivo, existo num mundo que me passa completamente ao lado.. Sem me dar tempo de encaixar nele. Sou um robot, que tenta não sentir a dor que me assola todos os momentos que vejo sofrimento nos olhos de minha mãe. Apetece-me reconfortá-la, mas não sei como o fazer. Apetece-me protegê-la do mundo tal como queria que ela o fizesse a mim. E tal como a canção de Bob Marley, lhe dizer que tudo vai ficar bem.
Ondjé Mutenha, 12/05/2010
Bob Marley - three little birdies

De novo ao activo!

Hoje vou dedicar o meu dia a postar textos já antigos, já com um aninho :) Estive à procura deles nas minhas coisas velhas e encontrei muitos que gostava de partilhar convosco agora. O meu quarto está uma bagunça, cheio de folhas! Ainda usava o meu querido pseudónimo Ondjé Mutenha, na língua da minha avó materna! Estive muito tempo sem escrever, sou uma má bloguista pessoal. Mas a partir de agora vai ser só textos! Por isso quero criticas :D
Beijinhos e aqui vão os textos ;)

Folha branca

Aqui vai uma experiência minha de escrever um poema, opiniões e criticas sempre aceites!

Oh, como senti a tua falta minha folha de papel!
Sempre tão branca,
Sempre tão pronta para me ler,
Até à mais íntima palavra.
Sempre tão pronta a ajudar,
A manter as letras direitas
Quando a mão já me começa a tremer
De emoção, temor, amor, raiva.

Preencho-te um vazio
De um vazio que havia dentro de mim.
De branco a tinta azul
Vais tomando forma, por fim.
Folha linda, borratada de lágrimas salgadas
Dás vida a este mar sentimental
Cujas ondas me desgastam a alma.

Para mim, já é tudo tão banal,
A almofada, constante noite molhada
De sorrisos inexistentes, mal amada.

Noites Turvas


- Admite, teria sido diferente se fosse a Andreia.
- Já te disse que a mim não me importa nada disso.
- Não te importa a ti, importa a ele. Olha como está murcho.
- Bebi demais, aliás bebemos os dois. Vamos dormir, amanhã falamos.
- É sempre amanhã que se fala, sempre… Mas no fim de contas é sempre o mesmo, eu sei.
- Não comeces com os teus filmes por favor, dorme.
- Vou dormir, vou.
Sinto o estômago as voltas, o sabor a whisky na boca e o fogo ardente a perfurar-me as entranhas. Menti, não vou conseguir dormir tão cedo. Não consigo deixar de pensar que ele foi para a cama com a Andreia na noite anterior. Deixaram-me sozinha e bêbada na cama, enquanto estavam a foder no sofá da sala. Parte disso foi culpa minha, por me ter fartado das fitas da Andreia e me ter vindo embora mais cedo sem eles. Quando eles chegaram já eu tinha adormecido. Se calhar, não me quiseram acordar e foram para a sala, quem sabe… A verdade é que aconteceu, ali mesmo. Eu vi como eles falaram de manhã, com culpa nas palavras. O choro da Andreia, por causa de outro rapaz, que puta me saíste cara amiga. As almofadas do sofá no chão, tal como as roupas de ambos. Era ambiente de sexo, sexo entre dois amigos bêbados, estavam ali as provas. E eu aguentei, fingi que nada daquilo me tinha atingido, que de nada me tinha apercebido. Meti uns óculos de Sol, para não me verem as lágrimas e aproveitei estar de ressaca para me justificar disso e do meu mau feitio. Agarrei num cigarro e fui fumar para as espreguiçadeiras ao lado da piscina. O ambiente lá dentro estava insuportável. Não aguentava ver a Andreia a chorar, fita a mais. Não aguentava tê-lo a ele a perguntar-me se estava tudo bem, depois de ter dito que me contava tudo, que bela mentira. Tentei saborear o cigarro, faze-lo durar o maior tempo possível para não ter que enfrentar a realidade. Acabou-se, acendi outro. Cada um de nós estava num canto diferente da casa, cada um com a sua culpa, com as suas tristezas, com arrependimento, com raiva. Só queria sair dali, mas mesmo assim fiquei. Fiquei a fingir que nada se passava.
Nessa noite, fui eu que bebi demais. Mal conseguia andar. Vomitei e ele limpou o meu vómito. Calado, devagar, sem se queixar, talvez consumido com a culpa do que tinha acontecido na noite anterior. Ajudou-me a ir para o quarto, a tirar a blusa vomitada e a vestir o pijama. Meteu-me na cama e quando se preparava para ir embora disse-lhe:
- Fica comigo, não quero ficar sozinha esta noite.
E ele ficou, com remorsos se calhar… Mas ficou, é o que interessa. Esta noite ele estava comigo.
- Bebeste tanto hoje, nem parece teu. – Disse-me ele.
- As vezes, acontecem coisas que nós não queríamos que acontecessem, descontrolamo-nos e quando damos por nós é tarde demais para voltar atrás. Não é verdade?
- Sim, tens razão… - suspirou.
Beijei-o, ele beijou-me de volta.
- Eu sei o que aconteceu ontem, senti-o nos vossos olhares.
- Não foi nada, estávamos bêbados. E não sabes como me arrependo.
- O que está feito está feito. – e comecei a enfiar-me para dentro dos lençóis. Consegui ouvi-lo a gemer, hoje ele era meu.
- Pára, por favor pára. – Diz-me.
- Ontem também lhe disseste isso?
- Não, foi o meu erro. Não tive reacção nenhuma, aconteceu.
- Então deixa acontecer hoje.
- Que se passa contigo? Não te estou a reconhecer.
- Tenho ciúmes. Como pudeste ir para a cama com ela?
- Já te disse, estava bêbado e ela insistiu.
- O que difere da noite de ontem para hoje?
- Hoje não estou tão bêbado, e não quero cometer o mesmo erro.
- Não, não é isso. E ambos sabemos isso. Se fosse ela, deixavas-te ir.
- Sabes bem que não sou assim…
E continuei a ouvi-lo, gemendo baixinho. Não tardou a explodir, pelos lençóis brancos e até em mim. Não foi o que estava a espera dele. Estava murcho, parecia o pénis de um velho de 80 anos, às portas da morte. Deuses, como estava furiosa! Ri-me dele, com nojo dele, com nojo da Andreia, com nojo de mim. Como fui ridícula, como sou ridícula!
- De que te ris? Já estás satisfeita?
- Tu é que pareces já estares satisfeito, já recolheste para dormir e tudo. – gozo com ele enquanto abano o pau morto dele.
- Estou bêbado, tenho sono, sexo é a última coisa em que quero pensar neste momento.
- A bebedeira é sempre a culpada de tudo…
- Porque é verdade, para com os teus filmes.
- Não são filmes nenhuns, ambos sabemos disso. Mentes-te a ti próprio e esperas que também acredite nas tuas mentiras. Admite, teria sido diferente se fosse a Andreia.

domingo, 24 de outubro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma história de amor natural

Minha alma está despida como esta árvore que desenhei. A borracha apagou impiedosamente suas folhas, tal como tu me apagaste a mim. Apenas uma folha verde permanece, a esperança ainda não acabou. A árvore pode voltar a ter folhas e eu poderei voltar a amar.
De uma simples semente enterrada na terra, brota uma trémula árvorezinha, que de um tronco fino passa a frondosa. Desse mesmo tronco, um ramo, dois, três, se vão esticando, cada vez mais finos, quase a querer tocar os céus. Mas com medo de os arranhar. As folhas verdes e fofas brotam desses ramos e com uma brisa brincam suavemente com os céus enamorados. Desta junção da árvore e dos céus, as flores chegam. A brisa, traída, arranca todas as pétalas das lindas flores. Mas essas, já grávidas o tempo, deixam os frutos ao cuidado da árvore, que cuida deles até morrerem e no chão cair. No próximo ano, tudo voltará a acontecer... 
Solange Coimbra

Explicando o porquê deste texto: Foi feito numa aula (peço desculpa, mas às vezes as aulas chegam a um pouco que uma pessoa desespera, e ao menos fiz algo construtivo sem incomodar ninguém :p), no meu caderno. Comecei por (tentar) desenhar uma árvore que ficou assim meia esquisita, não tenho jeito para as artes e no espaço que ficou inspirei-me e escrevi este pequeno texto. Eu tirei foto à folha, assim vêm melhor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Uma conversa banal


Aproveitei cada momento que tive para te falar. Uma conversa banal e estritamente por questões profissionais, senão nunca mais ouviria a tua voz. Talvez a ouvisse, já que temos o mesmo local de trabalho, os mesmos colegas de equipa. Mas essas semelhanças não nos aproximam, só parecem afastar. Talvez por causa de um passado que partilhámos não há muito tempo e que dele só restaram nós dois e pó. Pó de uma lembrança já um pouco gasta, velha e suja, que parece ter acontecido num século passado mas que afinal é tão recente. As minhas feridas ainda custam em sarar, têm crostas e debaixo delas me encontro nua, sangrando, chorando por ti. Espero que sarem rapidamente, que um leve toque pode arrancar as crostas e deixar-me completamente vulnerável... a ti. Não sou imune, por isso tenho medo de ter uma nova ferida, voltar a amar-te. Mas o meu maior medo é ver a tua profecia realizar-se, morrer sozinha… Mas pior que morrer sozinha é morrer sem ti, continuar na dúvida de que tudo o que trabalhei por ti foi em vão ou não, se valeu a pena o esforço, a minha dedicação, 24 horas por dia, a ti. Mas continuarei sempre assim, de feridas abertas, a trabalhar contigo e a viver o que chamam de Vida. Talvez amanhã falaremos, ter uma pequena conversa amigável e rápida, mas só por razões profissionais.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Definição de Vida

Vou vos deixar aqui com o texto que me fez ganhar o primeiro lugar de um concurso literário na minha antiga escola, e sim, admito que era este o meu conceito de vida naquela altura. E agradeço a quem me apoiou sempre. 
Vida, o período de tempo que decorre desde o nascimento até à morte dos seres. Até o mais completo dicionário não aprendeu o significado desta palavra, a maior parte de nós passa pela vida sem dar por ela, num estado vegetativo, até a Ceifa nos colher. Eu nasci, vivo há cerca de uma década e meia e no entanto, tal como os vegetantes, nunca me senti realmente viva. Sinto-me a passar por este estado sem nunca ter experimentado o seu conteúdo. Porém, aprendi a ansiar por algo que me levasse para um sítio onde eu não fosse obrigada a existir. Um algures que nenhures fosse, onde planasse por todos os estados sem ter de lá permanecer.
Tanto ansiei que lá me encontro, vivendo entre a vida e a morte. Um passo para lá e dois para cá. Vou com a maré, sinto-me já fraca para batalhar contra as ondas que me engolem e consomem, eu, inteira, sopros de ar.
Vida, um comportamento. Todos os dias, todos os momentos requerem um sentimento diferente, uma abordagem diferente. É tão cansativo termos de nos sujeitar a viver. De certa forma, todos devemos nos comportar de maneira igual, mas ninguém acaba por cumprir. Eu, apenas existo, me arrastando, contra minha vontade, neste chão que todos os dias me vai tirando um pouco mais daquilo que não vivo.
Vida, princípio de existência, de força, de entusiasmo, de actividade. Já tentei ter força para lutar, para existir mais um dia com o entusiasmo que sempre aparentei ter. É tudo uma questão de camuflagem, querendo pôr todos bem, mas acabando por querer tratar de mim.
Penso para mim, que é apenas mais um dia, monitorizado, acaba por passar e chega um dia novo, igual ao outro, em que eu vivo ansiosa por desaparecer. Viver não se mede pelo sucesso nem a felicidade de uma pessoa, é tudo um espelho que esconde a fragilidade de um ser verdadeiro e honesto, alguém que quer viver mas não o sabe fazer.  
Vida, um conceito que não consigo aprender a viver. Não sei se serei a única a sentir-me assim. Num estado vegetativo, sem conseguir nem saber viver. É só um dia, uma fase? Já foi, sim. Agora é medo, receio de ter de viver mais um dia sem saber o que é o significado de o fazer. Já foram tantas páginas arrancadas do meu eterno confidente, manchado de tantas lágrimas que rolavam cheias de certeza de nada. Já não sei quem sou nem o que faço aqui, porque tenho de passar por este estado de vida, tão estranho e difícil de ultrapassar. Um teste complicado de perceber a finalidade. Quero gritar, dizer que estou aqui no mundo, que existo. 
Solange Coimbra